Ja viajamos de ilhas em ilhas
ja mordemos fruta ao relento
repartindo esperancas e magoas
por tudo o que e vento
Ja ansiamos corpos ausentes
como um rio anseia p'la foz
ja fizemos tanto e tao pouco
que ha de ser de nos
Que ha de ser do mais longo beijo
que nos fez trocar de morada
dissipar se a como tudo em nada
Que ha de ser, so nos o sabemos
pondo o fogo e a chuva na voz
repartindo ao vento pedacos
que hao de ser de nos
Ja avivamos brasas molhadas
no caudal da lagrima va
e flutuando, a lua nos trouxe
a luz da manha
Reencontramos lagrimas e riso
demos tempo ao tempo veloz
ja fizemos tanto e tao pouco
que ha de ser de nos
Que ha de ser da mais longa carta
que se abriu, peito alvorocado
devolver se a endereco errado
Que ha de ser, so nos o sabemos
pondo o fogo e a chuva na voz
repartindo ao vento pedacos
que hao de ser de nos
Ja enchemos pracas e ruas
ja invocamos dias mais justos
e as estatuas foram de carne
e de vidro os bustos
Ja cantamos tantos pressagios
pondo o fogo e a chuva na voz
ja fizemos tanto e tao pouco
que ha de ser de nos
Que ha de ser da longa batalha
que nos fez partir a aventura
que sera, que foi
quanto e, quanto dura
Que ha de ser, so nos o sabemos
pondo o fogo e a chuva na voz
repartindo ao vento pedacos
que hao de ser de nos